domingo, 13 de dezembro de 2009

Mensagem do I Ching

Gentil, este é o seu I Ching do dia Domingo 13 Dezembro:

Kun: A Opressão

"Ainda que neste momento haja algo que incomoda ou preocupa você, não deve abater-se. Aproveite a circunstância e tranforme a dificuldade em um estímulo para ir adiante. Tenha confiança no destino que muda sempre, transformando o mal em bem. A sorte é de quem possui coragem."

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Grávida


Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir um terremoto
Uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor

É que eu tô, tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz

É que eu tô, tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha
Um cordão umbilical
Um anticoncepcional
Um cartão postal

Eu tô grávida
Esperando um furacão
Um fio de cabelo
Uma bolha de sabão
E vou parir sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar a luz

E quando o sol dilatar
Dar a luz

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Poesia musicada pelos Bichos do Paraná

Agradeço aqui a meu pai por suas influências literárias, por suas influências musicais... ambas representadas em letra de Paulo Leminski e música da Banda Blindagem.

Obrigada por me fazer ter orgulho de ser "Bicho do Paraná", pai.


ORAÇÃO DE UM SUICÍDA
(Paulo Leminski - Pedro Leminski)

Vejo nos teus olhos tão profundos
as durezas que este mundo
te deu pra carregar
vejo também
que sentes que tem
amor, para dar
perdi-me na vida
achei-me no sonho
a vida que levo
não é a que quero
não quero mais nada
Quando a terra se acabar
você vai chorar
não adianta mais
vendo esta terra não compensa
rezando na presença
de um gigante cogumelo
teu retrato é poeira
luminosa nebulosa
brilha tanto
e ninguém vê
era um mundo tão bonito
caprichado de milagres
Deus gostava de florir

domingo, 10 de maio de 2009

O dia em que as lágrimas de meu avô brotaram em meus olhos

Após um breve e estafante feriado tudo o que se quer é voltar ao aconchego do lar, rever sua família, seus bichinhos de estimação...

Os cachorros vem bradando sua alegria ao me rever lá da rua! O labrador falsificado e a cadela híbrida -- parte lobo-guará, parte gambá (não tem nada a ver com cheiro!!). Bom reve-los também! Às vezes chega a ser difícil resistir ao anseio de retribuir suas lambidas amorosas, mas há ainda a razão: que tal um afago? Pelos na língua não rola!!
Vejo de longe as galinhas, o galo, o peru e os gansos descansando -- como se ganso descansasse com alguém por perto, esses chamados 'alarmes de colono' justificam o apelido de minuto a minuto.
Os periquitos e a calopsita (outra hora pesquiso a grafia correta e atualizo, ok?) -- segundo minha afilhada, é a Capiricita... é, combina mais com a família mesmo... -- já estão recolhidos.
As tartarugas já não cabem mais no aquário... nem a Tarta, nem a Ruga... repousam agora em um laguinho tranquilo no jardim, deixando mais espaço para os peixes e os "enfeites" de Bob Esponja e cogumelos sub-aquáticos (não sei se existe, mas aqui em casa a psicodelia já atingiu todos os ambientes).
A gata temperamental -- tudo bem... ela é fêmea, tá justificado -- e linda!
O gatinho manchado -- aquele que quando descansa no colo parece desafiar a Ciência: poderá um mamífero ser invertebrado??

Ainda falta um... e eis que se inicia minha participação neste triste episódio de nosso cotidiano familiar:
O sumiço do Barão e a angústia do destino incerto do gatinho prateado

Embora pareça que são tantos animais para uma só família, não estamos tratando de uma família qualquer... é a família que carrega em seu sangue e em suas lembranças a íntima relação com as plantas e os animais, o amor à música, a teimosia quebrada pela autoanálise, a emoção represada que transborda em lágrimas, o carinho pelos familiares que não cabe apenas em gestos ou palavras,a comunicação pelo olhar sincero, o prazer instigante em aprender mais e mais, estes e tantos outros princípios que minha memória afetiva guarda sob o nome de meu avô, Seu Carlito.
Nesta semana senti minha face umedecer-se pelas lágrimas que na infância me surpreendi ao ver no rosto de meu avô. Um homem tão forte, com opiniões políticas elaboradas, um chefe de família, o benzedor da região, o conselheiro das famílias amigas, pai de dez filhos, trabalhador rural, comerciante, líder em sua comunidade... marejava os olhos ao testemunhar um dentre seus inúmeros bichinhos de estimação despedir-se desta existência terrena.
Como pode aquele senhor que já vivera tanto, que já passara por tantos percalços ao lado da esposa, que se preocupara tanto com as idas e vindas dos filhos, que carregava como herança genética a fuga de um Leste Europeu abalado, ir às lágrimas por um gatinho??
Meu questionamento jamais me fizera desvalorizar a força de meu avô, Seu Carlito sempre foi absoluto em meu coração de neta. A surpresa era descobrir que meu ídolo também carregava emoções sutis, e que surpresa agradável era perceber que as nuances emocionais de meu avô o tornavam mais denso, mais completo, mais Seu Carlito.
Ah, vôzinho, quem me dera ter seu olhar terno a compartilhar as lágrimas enquanto lhe contaria as peripécias do gatinho prateado da família Queiroz... quem me dera ter o conforto de seu abraço ao ouvir o relato de que os pelos prateados do gato Barão anunciavam em pleno asfalto o desfecho do desaparecimento deste feriado, uma ida sem volta...

Vô Carlito, cuida bem do nosso Barãozinho. Bênção!

sábado, 18 de abril de 2009

E há amor maior que a amizade??

Será apenas mais uma breve história? Sem príncipe encantado, com sapo... Sem 'felizes para sempre', com 'cada um no seu cada um'... Por enquanto a pergunta é só pergunta, a famosa pergunta retórica que não exige resposta -- e que se imaginar que a resposta não é lá muito favorável, prefere não sabe-la, ao menos por ora. Afinal, como diria o bom e velho Fernando Pessoa, "O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Talvez 'aquele cara' tenha demonstrado que não é 'o cara'...mas, tudo bem, não tem aquela piadinha que diz "ah, então, vc é 'o cara'? Mas sabe o que fizeram com 'o cara'?? Comeram o c* do cara!!" Por essa perspectiva, é até melhor que não seja mesmo: primeiro, porque ser 'o' ou 'um' é muito relativo; segundo, porque se 'o cara' é um pederasta, eu prefiro que não seja ele; terceiro, porque eu sei que a piada foi sem graça... aposto que alguém já ouviu essa e riu, mas pode crer que não ouviu de mim, sei que sou 'a exterminadora de piadas'.
Além disso, embora pra muitos Kid Abelha seja só popzinho, pra mim não há mais bela poesia pra expressar o momento do que afirmar que "Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez, E acho que é tão normal. Dizem que sou louco por eu ter um gosto assim (...)"
E, por mais que esta aventura amorosa possa estar chegando ao fim, por mais que ela se mostre existente apenas nos meus devaneios íntimos, o ponto final é sempre a abertura para uma nova sentença. Novas sentenças podem ser escritas com as mesmas palavras para um desfecho diferente. Novas sentenças podem ser escritas sobre outro tema, em outro parágrafo, em um texto distinto. Novas sentenças podem ser períodos compostos, ora por coordenação, ora por subordinação, ora regidos por verbos intransitivos -- que não querem nem permitem a entrada de um complemento, talvez porque já tenham sofrido quando transitivos em uma sentença passada, por um antigo objeto. Contudo, relembro agora uma nova sentença bem simples...não em período simples, já que é cheia de orações, mas simples em sua mensagem -- e como tudo que é simples, de valor inestimável:
"Amores vêm e vão,
A amizade é o que fica."

Se não for pra ser amor, que seja amizade. Se não for amizade, a história já valeu pra confirmar a lealdade de uma amiga, uma amiga jovem e sincera... que se expõe, que me expõe... mas que, acima de tudo, expõe nossa amizade ao defender o que acredita. E acredita que eu, sua amiga, mereço o melhor, mereço sua defesa, mereço ser feliz! Ela sim é que merece! Merece o melhor, merece minha defesa, merece a felicidade! E merece meu agradecimento, pois em sua ansiedade espontânea me mostrou que aos olhos de alguém a quem não tive vergonha de expor meus sentimentos, em quem depositei minha confiança, eu não devo me envergonhar por apostar minhas fichas no que talvez não tenha dado certo, no que quem sabe jamais viesse a dar certo -- menos aos meus olhos espontaneamente cegos aos sinais da indiferença do objeto de minha atenção(???). Então, te agradeço, minha querida amiga, por aos seus olhos refletir-me como um ser que não merece menos do que sentimento recíproco, por me enxergar como uma mulher digna de ser amada... e já sou -- se não pelo homem esperado, já amada pela amiga querida... e já a amo também!

"I´m so emotional"


"Se eu me entregar, total
Meu medo é
Você pensar que eu
Sou superficial"

Se até mesmo Rita Lee se questionou em uma bela versão de Beatles, acredito que esta deva ser uma questão que aflige mais mulheres além de mim...não que sejamos o sexo frágil, isso não! Mas como é fácil se perceber vulnerável diante de um homem que lhe desperta emoções...
Como pode ser renovador -- e desesperador -- o paradoxo de sentir o calor adolescente de um "não-saber-como-agir-diante-daquele-alguém" quando a vida já lhe aponta a maturidade dos compromissos profissionais, as atribulações da vida adulta.
Segurar o instinto ou botar fé no lance? Desconfiar dos homens, suas 'piazices de prédio' e sua sede por prazer imediato ou confiar na maturidade masculina em um universo em que as mulheres podem ser desencanadas e ainda dotadas de emoções?
Agora só me restam os questionamentos... já mergulhei, já sinto toda a minha pele molhada... agora é hora de perceber se este 'tanque' tem profundidade o suficiente pra reter esse mergulho, ou se ele é raso -- mas que não seja tão raso a ponto de fraturar minha medula. Pode até ser menos profundo do que a impressão inicial, mas, certamente, não mergulhei em um tanque tão raso a ponto de me deixar sequelas paralisantes... acho q não... tomara que não! (Será que existe alguma fisioterapia pra fortalecer os 'músculos emocionais'?)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Uma música inspirada vale mais do que mil sermões inexpressivos

E, em um olhar sem preconceitos, encontramos mais um caminho que leva todos ao mesmo fim... ou será o mesmo início??

"Quando eu era jovem
E eles me arrumavam para escola
E me ensinaram como não jogar o jogo.
Eu não me importava se eles me treinavam para o sucesso
Ou se eles diziam que eu era um tolo.
Então eu parti de lá pela manhã
Com o seu Deus enfiado debaixo do braço
Seus sorrisos de bunda e o livro das regras
Então eu fiz a este Deus uma pergunta
E através de uma resposta firme
Ele disse: Eu não sou do tipo (que)
Você precisa dar corda aos domingos."

(Wind Up/Jethro Tull)

terça-feira, 24 de março de 2009

O fiasco de hoje é a história para rir amanhã?? ... ok, mas rir sozinha.


"Ela desfalece em seus braços e ele a carrega, mantendo a cabeça da moça repousando em seu peito. Ela relaxa ao som das batidas de seu coração."
O que será isso?
Um trecho daquelas 'literaturas para moças', estilo Sabrina??
Um clássico literário, lá dá época do Romantismo???
Não, é um fiasco mesmo...
...afinal, será que em A Moreninha a mocinha também se mostraria feliz ao sair de casa após um 'rotavírus' daqueles e "dias de rainha e plebeia" -- sentada ou ajoelhada curvando-se involuntariamente no 'troninho'?? Provavelmente, não... e esta nossa protagonista esta mais para A Polaquinha...
...além do que, ela desfaleceu nos braços dele sob os efeitos da tequila!! Tudo bem,ela estava se portando bem no início da noite. Muita etiqueta e baixa graduação alcoólica em seus drinks, mas aceitar o shot de tequila foi o princípio do fim de seu papel de donzela -- e isto, por mais que a moreninha Carolina fosse de atitudes desafiadoras, já a alçava do contido Romantismo ao Realismo dos brindes cantarolantes de Luizinha e sua amiga Leopoldina, ambas vítimas de seus destinos.
Há ainda o mocinho. Ele cuidou dela, a carregou, velou seu sono, ouviu seus delírios pacientemente...mas não ligou no dia seguinte. Será que é mocinho mesmo? Ah, essas personagens cíclicas... a planitude das antigas personagens era monótona mas tão mais simples!
E ela não deixa de pensar em como teria sido se ela estivesse em plena consciência -- ou sobre o controle da situação, só pra variar...
Viveriam um conto de fadas espalhado aos quatro ventos em cantigas trovadorescas? Felizes para sempre??
Uma história Romântica? De voltas e voltas que levariam o casal ao almejado entendimento??
Ou um romance Realista? Em que a protagonista se abala ao perceber que sua plenitude é imperfeita diante dos ditames da sociedade??
Questionar-se é torturante; esquecer não é possível -- já que sua memória não se mostrou tão INsuficiente quanto suas pernas; lamentar-se não será proveitoso; rir é o melhor... e ela, certamente, preferi rir sozinha...ao menos nestes dias seguintes, em que o 'rotavírus' voltou... eis o vilão!
"A função de defesa da memória é aquela que geralmente maldizemos: a capacidade humana do esquecimento."

sábado, 31 de janeiro de 2009

Meu Deus, Ave Maria! Agora eu te entendo, Vanessa da Mata...


Minha oração profana...

Uma existência paralela a minha,
Coexistimos no mesmo espaço, mas não no mesmo tempo.
E quando no mesmo tempo, não no mesmo espaço.
Até que o espaço e o tempo se encontraram em um olhar,
um olhar que fez minha perna bambear,
minha fala falhar...

Meu Deus! Ave Maria!
Crente de que já era uma mulher,
me descubro em teu olhar como uma menina.

Meu Deus! Ave Maria!
“Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo?”
Talvez hesite, talvez não queira...
... mas certamente ainda fará – pois já faz –
uma revolução no que eu acreditava já não haver dentro de mim:
O ardor prazeroso me queimando de dentro para fora,
revelando excitações de menina em um corpo de mulher
E um corpo de mulher junto ao de um homem alcançando
sublime
deleite

Meu Deus!
Me guia, me rege,
me protege,
pois não me pertenço diante deste olhar,
deste homem.

E se “garotos diante de uma mulher são só garotos”,
O que há de fazer um homem diante de uma mulher?
Talvez não seja um homem,
talvez seja só ilusão...
...mas...
Meu Deus!
Agradeço por este desejo
que reaviva a menina e a mulher
até então adormecidas dentro de mim.
Amém.



... e a inspiradora canção de Vanessa da Mata

"Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo?
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E que ele fará com os seus
Braços de amansar desejos
Boca de beijo
Corpo de tocar
Meu coração muito tonto
Quer sair de mim

Olhos flechando meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Tentação das mais safadas
Sem dor sem penar

Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria

Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E o que ele fará com os seus
Braços de arrancar desejos
Olhos de gato
Sabor de hortelã
Meu coração muito louco
Quer chegar-se em mim

Olhos flechando os meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Conclusão das mais safadas
Sem dor sem penar

Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria
Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais"